Nem o lume de cada coisa nos prende à sua longevidade. De dentro do nosso efémero corpo vamos sempre transformando os objectos em instantes passageiros e acabamos por nunca viver nas coisas, habitamos apenas o vazio entre elas com o peito incendiado, num surdo desapego.
A própria cidade desenha-se em torno destes objectos perdidos, os ferros torcidos nascem nas esquinas, o lixo desmancha-se no chão, alongam-se os bancos vazios à espera de um corpo que lhes faça valer a funcionalidade, os próprios prédios não passam de caixas espectantes e os submarinos veículos estacionados são o quieto reflexo da esmagadora capacidade que temos de abandonar aquilo que nos foi permitido possuir.
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
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